G1 Petrolina
A Justiça decretou, nesta sexta-feira (9), a prisão preventiva de Marcelo da Silva, de 40 anos, denunciado pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE) por ter assassinado a menina Beatriz Angélica, de 7 anos. O crime aconteceu dentro de uma escola particular, em Petrolina, no Sertão de Pernambuco, em 2015.
Identificado e preso no início deste ano, Marcelo da Silva, de 40 anos, foi indiciado pela Polícia Civil, em julho, por homicídio qualificado. Segundo as investigações ele deu dez facadas na menina.
A decisão foi proferida pela juíza Elane Brandão Ribeiro, da Vara do Tribunal do Júri da Comarca de Petrolina. Ela considerou que havia risco à garantia da ordem pública caso Marcelo da Silva fosse solto.
Ele já estava preso por outros crimes e foi ligado ao assassinato de Beatriz após a realização de perícias, por meio das quais foi identificado o DNA dele em células que estavam na faca usada para praticar o crime. Ele, na época, chegou a confessar o assassinato.
Agora, para além dos outros crimes pelos quais responde, ele também está preso em razão da morte de Beatriz Angélica Mota.
Beatriz Angélica Mota, morta aos 7 anos em Petrolina — Foto: Arquivo pessoal / Família
Beatriz foi morta em 10 de dezembro, quando estava na formatura da irmã, no Colégio Nossa Senhora Auxiliadora. Ela saiu do lado dos pais para beber água e desapareceu. Vídeos registraram o momento em que a menina saía da solenidade.
O corpo dela foi achado dentro de um depósito de material esportivo da instituição, com uma faca do tipo peixeira cravada na região do abdômen. A menina também tinha ferimentos no tórax, membros superiores e inferiores.
O inquérito do caso Beatriz, que demorou seis anos e meio para ser concluído, tem 27 volumes e 5.831 páginas.
Marcelo da Silva foi denunciado por homicídio com as seguintes qualificadoras: motivo torpe, com emprego de meio cruel e mediante dissimulação, recurso que dificultou a defesa da vítima. Também está previsto aumento de pena em um terço, pois o crime foi praticado contra menor de 14 anos.
O g1 entrou em contato com o advogado Rafael Nunes, que defende Marcelo da Silva. O defensor afirmou, em nota, que “a defesa vai se pronunciar em momento oportuno, após acesso ao relatório policial, e, bem como, a peça acusatória”.
Desvendando o crime
Faca usada para matar a menina Beatriz Angélica foi peça-chave para coleta de material genético que identificou suspeito — Foto: Reprodução/TV Globo
O caso Beatriz Angélica começou a ser solucionado em janeiro de 2022, pela Polícia Científica, pouco depois de o crime completar seis anos. Na época, a Polícia Civil afirmou que Marcelo da Silva confessou o assassinato.
A Polícia Científica esclareceu que chegou ao suspeito a partir de exames de DNA na faca usada no assassinato. O DNA encontrado na faca foi comparado com o material genético de 124 pessoas consideradas suspeitas ao longo dos seis anos da investigação.
Todas essas amostras foram coletadas pelos peritos do Instituto de Genética Forense do estado, desde 2015. A perícia constatou que nenhuma delas tinha ligação com o crime.
No entanto, na primeira semana de janeiro, os dados coletados pelos peritos na faca utilizada no crime foram aprimorados, o que possibilitou a inclusão do perfil genético do assassino no Banco Estadual de Perfis Genéticos, da Polícia Científica.
Com isso, foi feito um cruzamento de informações em um programa de computador que reúne 14 mil cadastros de pessoas que estão ou já passaram pelo sistema prisional de Pernambuco.
O resultado apontou que o assassino de Beatriz Angélica é Marcelo da Silva. Na mesma semana, a polícia coletou novamente material genético de Marcelo e refez o cruzamento dos dados, chegando à mesma conclusão.
O laudo mostra que o perfil genético obtido a partir da amostra é compatível com o DNA da menina e do suspeito.
Demora
Desde a data do assassinato, foram realizadas sete perícias. O inquérito acumulou 900 horas de imagens analisadas. O caso passou por oito delegados.
Em dezembro de 2021, os pais da criança percorreram a pé mais de 700 quilômetros, entre Petrolina e o Recife, para pedir justiça. O ato durou 23 dias e contou com apoio de autoridades municipais e dos moradores das cidades por onde eles passaram.
Faça um comentário