Raquel Lyra (PSDB), primeira mulher eleita governadora de Pernambuco, disse que a prioridade de seu governo será o combate à fome. Em entrevista ao NE2 desta segunda-feira (31), um dia após a vitória no segundo turno das eleições, ela afirmou que vai implementar medidas emergenciais para reduzir a pobreza no estado (veja vídeo acima).
Entre essas ações de emergência, estão a criação de um auxílio financeiro para mães em situação de vulnerabilidade social e a abertura de restaurantes populares com refeições a baixo custo
“A gente tem pressa, Pernambuco tem pressa, porque nós temos 2 milhões de pessoas que estão passando fome no nosso estado. Então, uma das nossas primeiras medidas será estabelecer, criar o programa Mães de Pernambuco. Garantir uma bolsa de R$ 300 para mães que estão numa situação de pobreza e que têm crianças de 0 até 6 anos”, afirmou a governadora eleita.
No segundo turno das eleições, Raquel Lyra recebeu 3.113.415 votos, o correspondente a 58,70% dos votos válidos. Sua adversária nas urnas foi Marília Arraes (Solidariedade), que obteve 2.190.264 votos, o equivalente a 41,30% dos votos válidos.
Raquel Lyra e Marília Arraes fizeram uma disputa inédita e histórica, pois foram as primeiras mulheres a chegarem ao segundo turno na disputa pelo governo de Pernambuco. Esta foi a primeira vez na história do Brasil que duas mulheres disputaram o segundo turno por um governo estadual.
Raquel Lyra (PSDB), governadora eleita de Pernambuco, no estúdio do NE2 — Foto: Reprodução/TV Globo
“Trabalhar na estruturação dos restaurantes populares para garantir, no mapa da fome de Pernambuco, comida com um alto valor nutritivo e um baixíssimo custo, e, ao mesmo tempo, garantindo o estado começar a voltar a gerar emprego e renda para a nossa gente, com programas de qualificação profissional, a desburocratização do acesso a crédito para quem quer começar a empreender, e, com isso, a gente começar a pensar no dia de amanhã. Ninguém que está com fome consegue pensar no futuro”, declarou.
Transição
Nesta segunda-feira (31), o governador Paulo Câmara (PSB) nomeou a comissão de transição, que será coordenada pelo secretário da Casa Civil, José Neto. O colegiado conta, ainda, com os secretários Alexandre Rebelo (Planejamento), Décio Padilha (Fazenda), Marília Lins (Administração) e Ernani Médicis (Procuradoria-Geral do Estado).
Questionada sobre se vai aproveitar parte da equipe de governo de Paulo Câmara, no poder há quase oito anos, Raquel Lyra disse que se elegeu como candidata de oposição, e, por isso, preza pela mudança no alto escalão. Na transição de governo, ela disse que vai obter um diagnóstico detalhado das contas do estado.
“[Vamos] compreender como estão as contas do estado, os contratos, os convênios, patrimônio, pessoal, as obras que deveriam estar em andamento, as que estão, as que não estão, a razão pela qual não estão, o estado das coisas que permita a gente ter um raio-X, de verdade. Porque, pelo Portal da Transparência, não é possível que a gente tenha todas essas informações e o que a gente vai precisar, de fato, é mergulhar com os nossos técnicos nesses números para permitir um diagnóstico mais claro da situação em que se encontra verdadeiramente a máquina pública”, afirmou a governadora eleita.
Leia outros trechos da entrevista
Obras inacabadas: “Uma de nossas frentes é uma grande força-tarefa para fazer uma auditoria nas obras que estão inacabadas e compreender o que é preciso fazer para tomar as decisões para que as obras sejam entregues. O Complexo de Polícia Científica, o Hospital da Mulher de Caruaru, a obra da BR-104, a conclusão do Hospital do Sertão Eduardo Campos e tantas obras que a gente tem paralisadas ou inconclusas do governo de Pernambuco, inclusive o aeroporto [de Caruaru], que precisa funcionar noturno e receber voos de Boeing, como já se sabe que empresas aéreas que empresas aéreas têm intenção de fazer, fortalecendo o turismo e os negócios na região do Agreste pernambucano e também em parte do Sertão.”
Serviços de saúde no interior: “A gente tem um entendimento muito claro que as pessoas que estão no interior de Pernambuco, no Sertão do nosso estado, não conseguem um atendimento de exames e de cirurgias. Não é por outra razão que a gente tem mais de 50 mil pessoas em filas de exames e cirurgias. De primeiro momento, é atacar com uma força-tarefa de mutirões para permitir diminuir e zerar essas filas e estruturar a rede do interior para que haja resolutibilidade dos problemas das pessoas perto de onde elas moram, no Sertão do nosso estado e no Agreste pernambucano também.”
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