Em um encontro mais voltado para o projeto de reforma administrativa que enviou para a Assembléia esta sexta-feira e começará a ser analisado já na próxima segunda, a governadora Raquel Lyra confessou ontem aos deputados estaduais em reunião no Palácio que o decreto que assinou logo depois da posse, e foi motivo de críticas por toda essa semana, teve o objetivo não só de fazer as devidas mudanças dos cargos comissionados como de dar ao estado uma dimensão do que estava acontecendo com os funcionários postos à disposição.
Adiantou que nem a secretaria de administração estadual e nem as secretarias de onde esses funcionários são provenientes têm este número. E causou surpresa ao revelar ter sabido que só na secretaria de saúde da Prefeitura do Recife tem 600 servidores do estado postos à disposição do município. Ela afirmou, segundo um dos deputados presentes, que neste primeiro momento o objetivo é que cada funcionário cedido se apresente e o órgão que o abriga solicite renovação da cessão com as devidas justificativas a serem analisadas pela nova gestão. Mostrou-se, porém, propensa a não causar dificuldades, adiantando que já houve entendimento neste sentido com os diversos poderes, inclusive a Alepe.
Os deputados presentes não só não fizeram objeção ao projeto de reforma administrativa – como está em regime de urgência deve ser votado em até 15 dias – como, aparentemente, aceitaram as explicações dadas pela governadora sobre o decreto. Só o deputado João Paulo Silva, do PT, disse que havia solicitado uma convocação extraordinária da Alepe para analisar os termos da medida governamental mas adiantou que, dependendo da forma como forem dadas as explicações sobre o que ocorreu e possam ser realizadas correções, pode desistir da convocação.
Turismo e respostas
O secretário e turismo Daniel Coelho, político tarimbado, não está deixando sem resposta as críticas feitas nas redes sociais à governadora. Ontem, tão logo o deputado João Paulo postou em seu twitter que após 2 anos sem carnaval, e por conta de uma decisão “radical e sem diálogo” da governadora, os trabalhadores da cultura poderão sentir durante a festa as consequências das medidas que teriam paralisado as licitações na área da cultura, Daniel disse, de pronto, “deputado, teremos um lindo carnaval. Sei que muitos comissionados eram indicados por Vossa Excia. Mas não só eles que sabem fazer serviço…. O secretário Silvério tem uma qualificada equipe que vai fazer o maior de todos os carnavais”.
Excesso de ministros
O presidente Lula reuniu-se ontem com seus 37 ministros, número considerado excessivo por analistas e políticos. Um deles, o jornalista Ricardo Setti, publicou em seu twitter uma comparação: “Lula tem 37 ministros. Os presidentes dos EUA geram a superpotência de 25 trilhões de dólares com 15 ministros. A chanceler Ângela Merkel conduziu a Alemanha, 4.a e maior economia do mundo e país mais rico e importante da Europa, com 17 ministros – em sua primeira gestão eram 15”. Recado dado.
João Campos na rua
O prefeito João Campos, que planeja mudanças no seu secretariado ainda este mês, não tirou o pé da rua desde a campanha eleitoral, na qual foi criticado por viajar muito a São Paulo. Na sua conta no twitter tem se apresentado em vários cantos da cidade no mesmo dia, vistoriando obras. Outro objetivo seu é comandar o PSB, partido que perdeu o poder após 16 anos. Promete reunir a bancada socialista da Alepe para discutir o posicionamento do partido e tem sido procurado por pré-candidatos à mesa diretora a ser eleita no início de fevereiro, para pedir o apoio dos 13 parlamentares do PSB na casa.
Pergunta que não quer calar: quem da equipe da governadora Raquel Lyra, vai enfrentar João Campos na eleição de 2024?
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