IGOR GIELOW (FOLHAPRESS) – A Rússia diz ter completado as primeiras ogivas nucleares para serem instaladas no Poseidon, apelidado de “torpedo do Juízo Final”, uma das “armas invencíveis” anunciadas por Vladimir Putin em 2018.
A reputação das Forças Armadas russas foi seriamente afetada devido à campanha errática no vizinho, invadido em fevereiro do ano passado. Após retomar a iniciativa em Donetsk, uma das regiões que anexou ilegalmente em setembro, Putin parece disposto a iniciar o ano sacando suas cartas nucleares novamente.
Ele havia feito isso em diversos momentos, mesmo antes do início do conflito. Na semana retrasada, a Rússia enviou para o Atlântico a sua primeira fragata armada com mísseis hipersônicos Tsirkon, que podem ou não serem equipados com ogivas nucleares.
Agora é a vez do enorme torpedo de 24 metros. “As primeiras cargas de munição do Poseidon foram produzidas, e o submarino Belgorodo irá recebê-las no futuro próximo”, disse a Tass.
A arma é inovadora e foi inicialmente vista com ceticismo no Ocidente, mas hoje é parte das preocupações estratégicas dos EUA. Ela descende de uma ideia dos tempos de Josef Stálin na União Soviética: um torpedo que destruísse portos a milhares de quilômetros de distância.
Segundo a Tass, seu sistema de propulsão está pronto. Ele é composto por um pequeno reator nuclear, proporcionando até 70 nós (130 km/h) de velocidade, o dobro do desenvolvido por submarinos. Segundo Putin anunciou, pode atingir alvos a mais de 10 mil km.
Sua ogiva, de acordo com analistas militares russos, pode ter até 2 megatons, um padrão que foi abandonado nos mísseis intercontinentais modernos, que privilegiam múltiplas bombas com potência menor. O objetivo é explodir perto de áreas costeiras, criando um tsunami localizado e radioativo.
Parece coisa de ficção científica, mas como avaliou o Instituto Naval dos Estados Unidos em relatório do ano passado, “talvez o ponto mais assustador seja o potencial de operação autônoma”. A revisão da Postura Nuclear de Washington em 2022 incluiu o Poseidon na categoria de “armas inovadoras” para atacar “o território americano”.
O K-329 Belgorodo, coincidentemente batizado com o nome de uma região junto à fronteira ucraniana que tem sofrido ataques pontuais de drones, foi desenhado especialmente para transportar seis unidades do monstrengo submarino. Ele também carrega outros submersíveis em seu ventre e dorso.
O Poseidon, acerca do qual praticamente não há detalhes técnicos, é uma plataforma de emprego de armas nucleares que não está coberta pelo Novo Start, o último tratado de limitação desse tipo de ameaça. Ele indica que Rússia e EUA podem ter 1.600 ogivas prontas para uso em mísseis lançados de terra, mar e ar.
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