Sob o comando do governador Eduardo Leite, do Rio Grande do Sul, e lutando para se manter de pé a nível nacional, depois de derrotado seguidas vezes na eleição presidencial, o PSDB, que ganhou notoriedade em Pernambuco pelas mãos do senador Sérgio Guerra, atingiu este ano um patamar jamais imaginado pelo próprio Guerra, já falecido : com a vitória do tucano Álvaro Porto na eleição de presidente da Assembléia, o partido, que elegeu apenas três deputados estaduais e nenhum federal, comanda agora não apenas o poder Executivo, pelas mãos da governadora Raquel Lyra, mas também o Legislativo, os dois dos três poderes – o outro é o Judiciário – nos quais só se chega através do voto.
Com esta relevância, Raquel acaba de assumir a vice-presidência nacional da legenda e sonha, como tem prometido, voltar a inserir Pernambuco entre os primeiros colocados na política brasileira, lugar que o estado perdeu após a morte do ex-governador Eduardo Campos. Conseguirá? É bem possível que sim a julgar pela disposição em alternar a permanência no estado, sobretudo nesse nervoso início de administração onde colocou de ponta cabeça a política tradicional, e a presença no debate de temas importantes para o país, tendo, de pronto, atendido aos convites do presidente Lula para reuniões com governadores em Brasília nas quais acaba se destacando como nome representativo do Nordeste, pela imprensa nacional.
Estratégia é o que parece não faltar. Os tucanos – Raquel por um lado e Álvaro Porto pelo outro – montaram planos irretocáveis para chegar ao poder. Ela, como ex-prefeita aprovada pela população – mesma característica de dois dos seus oponentes, Miguel Coelho e Anderson Ferreira – foi mais além, apostando no fato de ser mulher, em um ano em que o estado se voltou para a causa política feminina; e no seu currículo, através do qual derrotou, no segundo turno, a oponente Marília Arraes. Já Álvaro, percebendo a dificuldade de, mesmo sendo do partido de Raquel, chegar à presidência da Alepe, quando se ansiava por renovação, fez um movimento de base, pregou a independência dos poderes e acabou chegando lá.
Partido tende a crescer
Não há clareza ainda sobre a estratégia da governadora para aquietar os deputados estaduais que se sentem fora do poder depois que ela alijou a classe política dos cargos mais importantes, mas, enquanto não há clareza, Raquel conseguiu paralisar os partidos de oposição – PSB e PT – chamando-os para sentar a mesa em reuniões coletivas e disseminando a perspectiva de deputados das duas legendas de fazer parte de sua base. O resultado é que hoje o PSB só conta para fazer oposição com metade dos 13 deputados que elegeu e o PT faz parte de uma Federação na qual os deputados do PCdoB e PV querem apoiar o Governo. Raquel tem tudo para transferir parte dos dissidentes para o PSDB.
Mendonça mostrando serviço
O deputado federal Mendonça Filho, como é do seu feitio, já chegou fazendo barulho na Câmara Federal. Apresentou na semana passada projeto de Decreto Legislativo para tentar barrar a Procuradoria Nacional de Defesa da Democracia do Governo Lula que chamou de “polícia de opinião” e que teria o objetivo de regular a liberdade de expressão. Também colhe assinaturas para um projeto que obrigue o BNDES a passar pela apreciação do Congresso qualquer empréstimo a outros países.
Michelle se arranha e PL baixa o fogo
O presidente nacional do PL, Waldemar Costa Neto, soltou aos quatro ventos que Michelle Bolsonaro seria a candidata do partido a presidente em 2026, caso Bolsonaro se inviabilizasse. As denúncias contra Michelle, porém, têm sido tantas que esta semana os liberais deixaram vazar para a imprensa que a ex-primeira dama pode ser candidata a senadora por São Paulo ou pelo DF ou mesmo a governadora do DF. Pelo visto, vai acabar deputada federal.
Raquel e Jarbas
Assim como Jarbas que, quando foi governador, popularizou mais o Hino de Pernambuco, gravando-o em vários ritmos, Raquel está utilizando o Hino, em ritmo de frevo, na propaganda do carnaval, em peça que começou a ser exibida ontem na TV. O comercial foi gravado por Lia de Itamaracá e várias outras cantoras estaduais.
Pergunta que não quer calar: quando o PT e o PSB vão se declarar oposição na Assembleia?
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