Por Lusmar Barros
Solidariedade dos pipeiros de Ipubi alivia a sede, enquanto a comunidade clama por uma solução a longo prazo
A escassez de água no Sertão do Araripe, em Pernambuco, tem se tornado uma dura realidade para a população local. Mesmo pagando regularmente os tributos associados ao consumo de água, os residentes da região enfrentam uma demanda insatisfeita e a inoperância da Companhia Pernambucana de Saneamento (COMPESA). A defasagem nas tubulações, devido ao crescimento das cidades, tem levado a um cenário onde a água simplesmente não chega às torneiras. Os consumidores enfrentam períodos superiores a 30 dias sem o líquido vital, enquanto as temperaturas escaldantes, frequentemente acima dos 39 graus, tornam a situação ainda mais insuportável.
A crise atingiu seu ápice recentemente em Ipubi, onde a população se viu sem água e sem uma solução iminente. Nesse momento de necessidade extrema, um grupo notável de heróis emergiu: os pipeiros da cidade de Ipubi. Um total de 38 caminhões-pipa se uniram para levar água à população. Além disso, seis proprietários de poços também contribuíram para os esforços, juntando-se à mobilização para amenizar a escassez. No total, foram distribuídos cerca de 400 mil litros de água, com os pipeiros entregando entre 600 e 1.500 litros de água por família, dependendo da capacidade dos reservatórios pessoais.
No entanto, é fundamental destacar que a responsabilidade primária recai sobre o Estado e a COMPESA, que devem garantir o acesso adequado à água em todas as cidades do estado. O problema da escassez de água na região do Sertão do Araripe já persiste há anos e requer uma intervenção imediata. Os legisladores eleitos para representar a região, junto com a governadora Raquel Lira, têm o dever de levar as carências da população ao governo federal e buscar recursos que garantam um abastecimento hídrico adequado no século 21.
Os pipeiros de Ipubi merecem aplausos pela iniciativa solidária, mas essa situação deve ser vista como um sintoma de um problema maior que precisa ser resolvido de forma estrutural. Os cidadãos pagam suas contas de água, mas o serviço essencial nem sempre está à disposição. É essencial que a COMPESA e o Governo do Estado atendam às necessidades da população e trabalhem para garantir que crises como essa não voltem a ocorrer. O direito à água é fundamental, e é responsabilidade das autoridades fornecer uma solução sustentável e duradoura. A comunidade do Sertão do Araripe espera e merece uma resposta eficaz para essa crise hídrica em pleno século 21.
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