A decisão de não fazer apelos diretamente ao público evangélico se dá em um cenário em que o governo se colocou contra a “instrumentalização” da religião na política em mais de uma ocasião.
Em 18 de março, durante a 1ª reunião ministerial de 2024, Lula defendeu que a religião não fosse utilizada como um “instrumento político” por partidos ou pelo próprio governo.
Na mesma data, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, disse que a religião não interferiria nas políticas públicas do governo. “O que o presidente, como todos nós concordamos, é que [a disputa religiosa] afeta as pessoas. A crença das pessoas não pode ser usada na disputa política partidária”, declarou.
Além disso, Lula também já criticou diversas vezes o seu antecessor, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), por usar o nome de Deus “em vão”. Segundo ele, o ex-chefe do Executivo peca por utilizar a religião para “dar sustentação às mentiras que conta”.
O petista também já disse que Bolsonaro “não acredita em Deus” e usa da convicção religiosa de seus apoiadores como “peça eleitoral”.
As falas de Lula fazem referência aos acenos constantes do ex-presidente da República ao público religioso, principalmente os evangélicos.
O segmento deu apoio maciço a Bolsonaro em 2018 e em 2022, quando perdeu a eleição presidencial para Lula. O ex-chefe do Executivo continua sendo o preferido dos evangélicos, eleitorado que o petista tenta conquistar.
Embora diga ser contra o uso da religião na política, Lula tem abordado temas como “Deus” e “milagres” em seus discursos com mais frequência nos últimos meses.
Na quinta-feira (4), o chefe do Executivo afirmou que a transposição do rio São Francisco e a sua chegada à Presidência da República se tratam de um milagre, porque “Deus existe” e porque os seus eleitores tiveram fé.
Evangélicos preferem Bolsonaro a Lula
A última pesquisa PoderData mostra que 56% dos evangélicos consideram o governo Lula “pior” do que o governo Bolsonaro.
De janeiro para março de 2023, houve uma deterioração da imagem de Lula na comparação com Bolsonaro no eleitorado que se identifica como evangélico. Só 23% declaram ter preferência pela atual gestão, uma queda de 10 pontos percentuais sobre janeiro.
O grupo dos evangélicos que considera Bolsonaro melhor que Lula tem uma curva ascendente há mais de 1 ano.
Metodologia
A pesquisa PoderData foi realizada de 23 a 25 de março de 2024. Foram entrevistadas 2.500 pessoas com 16 anos de idade ou mais em 202 municípios nas 27 unidades da Federação. Foi aplicada uma ponderação paramétrica para compensar desproporcionalidades nas variáveis de sexo, idade, grau de instrução, região e renda. A margem de erro é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos.
As entrevistas foram realizadas por telefone (para linhas fixas e de celulares), por meio do sistema URA (Unidade de Resposta Audível), em que o entrevistado ouve perguntas gravadas e responde por meio do teclado do aparelho. O intervalo de confiança do estudo é de 95%.
Para facilitar a leitura, os resultados da pesquisa foram arredondados. Por causa desse processo, é possível que o somatório de algum dos resultados seja diferente de 100. Diferenças entre as frequências totais e os percentuais em tabelas de cruzamento de variáveis podem aparecer por conta de ocorrências de não resposta. Este estudo foi realizado com recursos próprios do PoderData, empresa de pesquisas que faz parte do grupo de mídia Poder360Jornalismo.
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