A Crise da Esquerda nas Periferias

Folha do Araripe

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A esquerda brasileira enfrenta uma grave crise, com a quantidade de prefeitos eleitos em queda acentuada a cada nova eleição. Este fenômeno é especialmente visível nas periferias das grandes cidades, onde o apoio ao seu discurso e ações tem diminuído. O Partido dos Trabalhadores (PT), que historicamente liderou essa corrente, está tendo dificuldades para manter a adesão nas áreas mais pobres, como demonstram os dados das eleições em São Paulo e Porto Alegre.

Desempenho em Queda

Uma análise do cenário atual revela que, em comparação com o início do século, os candidatos de esquerda estão recebendo menos votos nas regiões com os piores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH). Em São Paulo, por exemplo, os distritos mais carentes, localizados no extremo sul, como Marsilac, Parelheiros e Grajaú, já foram considerados redutos do PT. Durante os anos 2000, a ex-prefeita Marta Suplicy gozou de forte apoio nessas áreas, mas a realidade atual é bem diferente.

Na eleição atual, o PT não lançou um candidato próprio pela primeira vez desde a redemocratização, optando por apoiar Guilherme Boulos, do PSOL. No Grajaú, por exemplo, Marta Suplicy conquistou 71.974 votos em 2000, enquanto Boulos obteve apenas 45.697 votos na mesma região, representando uma queda de 36%.

Comparações Históricas

O desempenho de Boulos é inferior ao do ex-prefeito Fernando Haddad, que foi o principal nome da esquerda em 2012 e 2016. Embora a votação de Boulos tenha superado a de 2016, ela ainda não chega perto dos números alcançados por Haddad há 12 anos. Naquela ocasião, Haddad venceu, enquanto Marta, concorrendo pelo MDB, foi a candidata mais votada na região em 2016.

A situação não melhorou com Marta como vice de Boulos em 2024. Sua volta ao PT não trouxe o apoio esperado nas periferias, como se viu no Jardim Helena, na Zona Leste de São Paulo, onde Boulos conseguiu apenas 37 mil votos, um número inferior ao obtido por Haddad em 2012 e semelhante ao que ele e Jilmar Tatto (PT) somaram em 2020.

A situação da esquerda nas periferias é alarmante e reflete uma desconexão com as necessidades e aspirações dos eleitores dessas áreas. À medida que a esquerda busca entender e reverter essa tendência, será crucial reavaliar suas estratégias e aproximações com a população que um dia foi seu bastião.

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