Nas últimas semanas, ganhou destaque o debate sobre o reajuste ou não dos preços dos combustíveis, especialmente o diesel, pela Petrobras (PETR3;PETR4). Se a princípio um reajuste parecia iminente, as últimas notícias apontaram que talvez leve algum tempo para que ele seja feito – assim, o tema seguirá no radar dos mercados.
De qualquer forma, apesar da discussão sobre o tema, o JPMorgan segue com visão positiva para a Petrobras, mantendo recomendação equivalente à compra (overweight, exposição acima da média do mercado) para os ativos da estatal. “Apesar das discussões em andamento sobre descontos de combustível para paridade, continuamos positivos em relação à Petrobras, independentemente dos ajustes de preço”, reforça a equipe de analistas.
Conforme aponta o banco, o aumento nos preços dos combustíveis é sempre uma questão sensível para qualquer país, pois os governos preferem preços mais baixos a preços mais altos.
Segundo o Broadcast, na reunião do Conselho da estatal na quarta, no Rio, que durou cerca de cinco horas, foi apresentado um relatório para acompanhamento da política de preços de combustíveis da empresa. O documento, segundo pessoas a par do assunto ouvidas pela agência, mostrou que os preços estavam alinhados à estratégia comercial da companhia em 2024 e prosseguem este ano.
No Brasil, aponta o JPMorgan, os preços dos combustíveis têm um peso significativo nos índices de inflação (por exemplo, gasolina e diesel representam 5,4% do índice de inflação IPCA e 7,7% do IGP-M). De acordo com o estatuto da empresa, o conselho executivo é responsável pela política de preços, enquanto o Conselho de Administração supervisiona a administração da empresa para evitar decisões comprometidas.
O desconto em relação à paridade internacional foi acentuado devido a movimentos da taxa de câmbio e do brent, mas o banco não observa uma violação da política – em linha com o destacado pela gestão da companhia em reunião.
À medida que os preços do Brent ultrapassaram US$ 75 por barril e o real permaneceu acima de R$ 5,80 por dólar, a manutenção dos preços pela Petrobras levou a cálculos que indicam um desconto no preço do diesel de mais de 10% em comparação com a paridade internacional.
Desde maio de 2023, a Petrobras adotou uma nova política, referenciando os preços para: (a) os custos alternativos do cliente, considerando alternativas de fornecimento e produtos substitutos; e (b) o custo de oportunidade da Petrobras (produção, refino, importações e exportações). De acordo com a ABICOM, o desconto atual está em 16% (chegou a 24% na semana passada), o que é uma desvio padrão abaixo da nova média estabelecida após a implementação da nova política de dividendos.
“É importante notar que a política de preços da Petrobras é projetada para mitigar a volatilidade de curto prazo, portanto, um aumento temporário nos preços não deve automaticamente levar a uma correção de preços. Além disso, a Petrobras não está subsidiando combustíveis para abastecer o mercado interno, o que seria uma situação mais preocupante”, avaliam os analistas do JPMorgan.
No cenário econômico, o reajuste do ICMS sobre a gasolina em fevereiro já impacta a inflação ao consumidor em um décimo. No ano passado, os governos estaduais anunciaram um aumento de R$ 0,10 no imposto estadual (ICMS) sobre os preços da gasolina, com vigência a partir de fevereiro. “As nossas estimativas sugerem que isso levará a um aumento de 1,6% nos preços de varejo da gasolina, impactando a inflação em um décimo — um ajuste já considerado em nossas estimativas de inflação. O ICMS também aumentará em R$ 0,06 para o diesel, mas o impacto direto nos preços é insignificante”, avalia.
Para os analistas, embora a diferença entre os preços internacionais e domésticos de combustíveis tenha diminuído recentemente, ela ainda permanece positiva e pode levar a um reajuste no diesel, na gasolina ou em ambos no curto prazo.
A Petrobras continua sendo uma das principais escolhas do JPMorgan. “Acreditamos que a Petrobras permanece uma escolha atrativa para os investidores devido à sua posição forte como uma empresa com exposição ao petróleo, receitas em dólares e sendo um produtor de baixo custo com um balanço patrimonial sólido”, avalia.
No atual clima de volatilidade dos preços do petróleo e instabilidade da moeda local, reforça a Petrobras como um nome defensivo chave. As forças da empresa são apoiadas por seus ativos do pré-sal, que contribuem para seus baixos custos de produção.
“Atualmente, a Petrobras está sendo negociada a 3,0 vezes o valor da empresa (EV) sobre o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações), e espera um dividend yield (dividendo sobre preço da ação) de 10% para 2025 com base na política mínima de proventos. Além disso, considerando apenas seu rendimento de fluxo de caixa livre projetado e sem alavancagem adicional, com dividendos extraordinários, o rendimento pode chegar a 15%.
Faça um comentário