
Nesta segunda-feira, 17, um ato de resistência tomou conta da sede da Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (ADEPE), no Recife. Famílias agricultoras e o povo indígena Kapinawá ocuparam o local em protesto contra os impactos negativos causados pelos complexos eólicos em municípios do Agreste pernambucano.
A ação também conta com o apoio de estudantes da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e da Universidade de Pernambuco (UPE), além de diversas organizações sociais que se solidarizam com a luta das comunidades afetadas.
A principal motivação da ocupação é denunciar os danos irreversíveis provocados pelos empreendimentos eólicos na região, entre eles, a perda de territórios, remoções forçadas e o agravamento de problemas ambientais e de saúde. As famílias que vivem nas proximidades dos aerogeradores relatam sérios impactos em suas vidas, como a deterioração da qualidade de vida, doenças relacionadas ao funcionamento das torres e contratos abusivos que as prejudicam economicamente.
De acordo com João do Vale, agente pastoral da Comissão Pastoral da Terra (CPT), a mobilização é um grito de socorro das famílias afetadas pelos parques eólicos. “Há uma década, os aerogeradores vêm sendo instalados nos quintais das casas. São dez anos de sofrimento, de adoecimento e de destruição da vida das famílias. O governo do estado se recusa a resolver os problemas dessas comunidades”, afirma.
A maioria das famílias impactadas reside em comunidades rurais nos municípios de Caetés e Venturosa. Além disso, o povo Kapinawá, que ocupa o território no município de Tupanatinga, também está ameaçado pela expansão dos complexos eólicos.
O movimento das famílias afetadas apresenta uma série de reivindicações para o governo estadual e federal. Uma das principais exigências é a revogação imediata das licenças de operação de três grandes complexos eólicos: Ventos de Santa Brígida, Ventos de São Clemente e Serra das Vacas. As famílias pedem também a paralisação das atividades até que sejam implementadas medidas de reparação e compensação pelos danos causados.
Outras reivindicações incluem a suspensão dos processos de licenciamento de novos empreendimentos pela Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH) e pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente até que estudos técnicos comprovem que não há riscos de impactos para as comunidades locais. O movimento cobra também a suspensão de incentivos fiscais e créditos a empresas envolvidas em denúncias de violações de direitos humanos, como Casa dos Ventos, Echoenergia e Auren.
O futuro das comunidades afetadas pelos parques eólicos de Pernambuco segue incerto, mas a ocupação da sede da ADEPE simboliza a força e a determinação daqueles que, há anos, lutam para que seus direitos sejam respeitados e que os danos causados por grandes empreendimentos sejam reparados.
(Diário de Pernambuco)
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