Correios Culpam “Taxa das Blusinhas” por Rombo de R$ 2,6 Bi e Cortam Salários

Folha do Araripe

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Remessa Conforme derruba receita da estatal em mais de 37% e leva empresa a registrar maior déficit entre estatais federais

A implementação do programa Remessa Conforme, da Receita Federal, popularmente apelidado de “Taxa das Blusinhas”, provocou um prejuízo de quase R$ 2,2 bilhões aos Correios em 2024. A medida, em vigor desde agosto do ano passado, afetou diretamente o transporte de mercadorias importadas, sobretudo da China, e é apontada como um dos principais fatores para a crise financeira da estatal.

Segundo relatório interno da empresa, os Correios deixaram de arrecadar R$ 2,16 bilhões apenas com o segmento de encomendas internacionais vindas da China. Antes da medida, a previsão de lucro para 2024 era de R$ 5,9 bilhões nessa área, mas o valor efetivamente arrecadado ficou em apenas R$ 3,7 bilhões.

Queda de receita superou até projeções revisadas

Mesmo após a revisão das projeções — já considerando os impactos da nova taxação — os números continuaram abaixo do esperado. A previsão ajustada era de R$ 4,9 bilhões, ainda assim R$ 1 bilhão acima do que foi efetivamente arrecadado.

Com isso, os Correios encerraram o ano de 2024 com um déficit de R$ 3,2 bilhões, tornando-se a estatal federal com o maior prejuízo do país no período.

Janeiro de 2025 registra o pior desempenho da história para o mês

O cenário não melhorou no início deste ano. Em janeiro de 2025, a estatal registrou um rombo de R$ 425 milhões, o maior já registrado para o mês em toda a história da empresa. Segundo dados do Poder360, a receita no período foi de R$ 1,4 bilhão, enquanto as despesas somaram R$ 1,9 bilhão.

Programa mirava regularização fiscal, mas gerou colapso logístico

O programa Remessa Conforme, criado pelo Ministério da Fazenda, foi apresentado como uma ferramenta para regularizar a tributação de compras internacionais de pequeno valor, especialmente aquelas realizadas em sites estrangeiros. No entanto, na prática, a medida reduziu drasticamente o volume de encomendas internacionais via Correios, que era a principal fonte de lucro da empresa nesse segmento.

Com a redução da competitividade frente a empresas privadas e a queda abrupta na demanda por serviços de frete internacional, os impactos negativos superaram os benefícios fiscais esperados, colocando em xeque a sustentabilidade do modelo adotado pelo governo.

Fonte: Contrafatos

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