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10/09/2025 –
Por Daniel Torres Araripe
O território do Araripe localizado na tríplice fronteira entre Pernambuco, Ceará e Piauí, chamado de PEPICE, demonstra um significativo potencial de cargas para ser transportada pela ferrovia transnordestina, e tudo passa pela instalação como está previsto pela concessionária da ferrovia TLSA – Transnordestina Logística S.A. na região do Araripe ao longo da ferrovia um Porto Seco, ou se pode dizer pelo volume de cargas que podem ser geradas nessa região um centro mais avançado de logística, um centro logístico industrial aduaneiro.
Área delimitada
Um CLIA, ou Centro Logístico Industrial Aduaneiro, é uma área delimitada e equipada para armazenagem e movimentação de cargas, facilitando operações de importação e exportação. Esses centros atuam como entrepostos aduaneiros na zona secundária, oferecendo desembaraço aduaneiro e armazenamento de mercadorias fora dos portos e aeroportos (zona primária), com menor burocracia e custos.
Além das facilidades da desburocratização no despacho de mercadorias para o mercado externo e também sobre as mercadorias importadas para o mercado nacional, nessa zona do centro logístico poderá se instalar empresas de diversos segmentos.
Vantagem
A região do território do Araripe leva vantagem com relação a outras regiões onde passa a ferrovia transnordestina e se propõe a instalação de terminais de cargas, por apresentar não só a viabilidade deste modal ferroviário devido a produção do gesso.
O arranjo produtivo local do gesso reúne num só “cluster” cerca de 979 empresas dedicadas a atividade gesseira, 55 mineradoras, 174 empresas produtoras de gesso em pó (calcinadoras) e outras 750 empresas produtoras de pré-moldados, gerando um faturamento anual de 1,4 bilhões/ano. Além de outras cadeias produtivas no território PEPICE.
Tríplice fronteira
Na tríplice fronteira existe um grande potencial econômico do lado do Ceará propriamente no município de Araripe, na Chapada do Araripe onde surge uma nova fronteira agrícola na produção de soja, algodão e mandioca, empresários do agro mato-grossense estão investindo na aquisição de terras, já se fala em 20 mil hectares.
O Araripe do lado pernambucano é a segunda maior bacia leiteira do Estado produzindo cerca de 400 mil litros de leite diariamente, consequentemente um alto consumo de ração bovina. Existe ainda na mesma região do Araripe um grande potencial de produção de calcário para cimenteiras, estudos revelam reserva de 1.500.000 m3.
Canal do Sertão
Perspectivas de implantação do Canal do Sertão projeto em discussão que prevê irrigar 120 mil hectares de terras no sertão, destinado a fruticultura e produção de cana e de biocombustível. Viabilidade na Chapada do Araripe pernambucano de um polo avícola devido clima ameno.
Produção de uma grande fábrica
O Araripe no lado piauiense existe a possibilidade do retorno da produção de uma grande fábrica de produção de cimento localizada na cidade de Fronteiras – PI, que em franca produção produzia 45 mil sacos de cimento por dia.
Exploração de mármore
Como também a exploração de mármore reserva existente na mesma região e que já está sendo explorada e o produto é enviado via caminhão para o Estado do Espírito Santo e de lá embarcado para Europa via portos de Vitória e Tubarão, que poderá ser exportado para os portos do Nordeste via ferrovia Transnordestina.
Rede Ferroviária
A região do Araripe pernambucano poderá despontar como um ponto-chave na rede ferroviária brasileira, desempenhando um papel fundamental no fluxo de mercadorias para o mercado internacional como para o mercado nordestino. Localizado no interior do Estado de Pernambuco, a 685 km do Porto de Suape, a 654 km do Porto de Pecém.
Destaca-se como um importante centro econômico representando 2% do PIB estadual o segundo PIB de todo sertão, superando apenas uma vez mais pelo grande polo de desenvolvimento que é o Vale do São Francisco. A região é um entroncamento de rodovias a BR 316, ligando à região aos Estados do Piauí e Maranhão, como também BR 122 ligando ao Ceará e a Bahia, além de várias rodovias estaduais.
Solução para a matriz energética para o polo gesseiro
Assim como na Europa e em outras regiões do mundo se utiliza o trem para tudo. O Araripe necessita para ontem uma solução definitiva de uma matriz energética que evite a devastação da caatinga caso gravíssimo nos dias de hoje. Por não ter mais vegetação que utilize nos fornos de calcinação do gesso e a devida fiscalização por parte dos órgãos ambientais, está se transportando lenha com mais de 600 km da região.
Polo Gesseiro
O Polo Gesseiro de Pernambuco está em processo de transição energética, buscando o uso do gás natural como fonte de energia. A Copergás, empresa responsável pela distribuição de gás natural no Estado, está lançando uma chamada pública para contratar mais gás que abastecerá as empresas do polo e instalará uma unidade de regaseificação em Araripina.
O objetivo
O objetivo é garantir um fornecimento estável e de qualidade para a indústria do gesso, além de promover benefícios ambientais. O gás está previsto ser transportado através de caminhões, a solução obviamente seria através do trem, transporte mais barato, com menor risco e em maior quantidade.
Daniel Torres Araripe é empreendedor social, presidente da ADESA – Agência de Desenvolvimento Econômico e Social do Araripe, consultor empresarial.

Daniel Torres