Lar Economia Pernambuco Desaponta: Quinto Estado Pior para Empreender no Brasil, Revela Estudo Baseado em Dados do IBGE

Pernambuco Desaponta: Quinto Estado Pior para Empreender no Brasil, Revela Estudo Baseado em Dados do IBGE

por admin
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Recife, 29 de setembro de 2025 – Em um cenário onde o empreendedorismo é visto como motor de recuperação econômica pós-pandemia, Pernambuco surge como um dos destinos menos atrativos para quem sonha em abrir um negócio no Brasil. De acordo com análise recente do Índice de Cidades Empreendedoras (ICE), produzida pela Escola Nacional de Administração Pública (Enap) e fundamentada em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o estado ocupa a quinta pior posição no ranking nacional para o desenvolvimento de empreendimentos, principalmente devido a deficiências graves em infraestrutura urbana e logística.
O ranking, divulgado na última semana, avalia 101 municípios mais populosos do país em sete pilares fundamentais: ambiente regulatório, infraestrutura, mercado, capital financeiro, inovação, capital humano e cultura empreendedora. Pernambuco, representado majoritariamente por Recife e municípios como Jaboatão dos Guararapes e Olinda, pontua baixo especialmente no quesito infraestrutura – que inclui pavimentação, acessibilidade, transporte e conectividade –, com uma nota média de 42 pontos em uma escala de 100. Isso coloca o estado atrás apenas de Ceará, Piauí, Maranhão e Alagoas, todos do Nordeste, reforçando a disparidade regional no ecossistema de negócios brasileiro.
Infraestrutura: O Calcanhar de Aquiles Pernambucano
Os dados do IBGE, extraídos do Censo Demográfico 2022 e atualizados com pesquisas complementares de 2024, pintam um quadro preocupante. Em Pernambuco, 23,68% dos 7,4 milhões de moradores de áreas urbanas – cerca de 1,7 milhão de pessoas – ainda vivem em ruas sem pavimentação, o que compromete o escoamento de águas pluviais, aumenta riscos de acidentes e eleva custos logísticos para pequenos empreendedores. No quesito acessibilidade, o estado é o segundo pior do país: apenas 8,48% da população urbana reside em vias com calçadas livres de obstáculos, como buracos, postes ou construções irregulares, segundo o Censo.
“Essa falta de infraestrutura não é só um problema de mobilidade; é um entrave direto ao empreendedorismo”, afirma João Silva, economista e consultor do Sebrae-PE. “Imagine um delivery ou um e-commerce tentando operar em Recife com ruas esburacadas e sem sinalização para bicicletas. Os custos sobem, os prazos atrasam e o investidor foge.” Silva cita que, em 2024, o estado registrou um aumento de 15% nas reclamações de empreendedores sobre logística urbana, via plataforma do Procon-PE.
Outro gargalo é a circulação de veículos: 11,9% dos pernambucanos vivem em ruas exclusivas para carros ou vans, enquanto 8,42% dependem apenas de modais não motorizados, como pedestres ou motos. Isso reflete uma malha viária defasada, com apenas 76,32% das vias pavimentadas – bem abaixo da média nacional de 85%. Comparado a líderes como São Paulo (nota 78/100 no pilar infraestrutura), Pernambuco perde em conectividade rodoviária e proximidade a portos eficientes, apesar do potencial do Porto de Suape.
Impactos no Ecossistema Empreendedor
O efeito cascata é evidente nos números. Segundo o IBGE, o número de novas empresas abertas em Pernambuco caiu 8% em 2024 em relação a 2023, contrastando com o crescimento de 12% em estados como Santa Catarina e Paraná, que lideram o ranking de competitividade do Centro de Liderança Pública (CLP) 2025. No Nordeste, o Ceará desponta como o pior do país no Índice FIEC de Inovação, com queda de sete posições em empreendedorismo desde 2020, atribuída a gargalos semelhantes em infraestrutura. Pernambuco, embora não o último, segue a tendência regional: Norte e Nordeste concentram 70% das piores pontuações no ICE.
Empreendedores locais relatam histórias de frustração. Maria Oliveira, dona de uma startup de delivery de alimentos orgânicos em Recife, investiu R$ 50 mil no ano passado, mas desistiu após três meses. “As entregas demoravam o dobro por causa das ruas ruins no bairro do Pina. Perdi clientes e dinheiro”, conta. Casos como o dela são comuns: o estado tem apenas 147 startups registradas, contra mais de 2 mil em São Paulo, e capta apenas 3% do venture capital nacional, segundo dados da Associação Brasileira de Startups (Abstartups).
Vozes do Setor: Críticas e Propostas
O governo de Pernambuco reconhece o problema. Em nota, a Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo (Sedet) afirmou que “investimentos de R$ 2 bilhões em infraestrutura urbana estão previstos para 2026, com foco em pavimentação e mobilidade sustentável”. No entanto, especialistas cobram ações imediatas. “Precisamos de PPPs (parcerias público-privadas) para modernizar o transporte, como em Fortaleza, que subiu no ranking graças a melhorias em rodovias”, sugere o presidente da Fiepe (Federação das Indústrias de Pernambuco), Murilo Cavalcanti.
Do lado federal, o Ministério da Infraestrutura anunciou R$ 250 bilhões em concessões para 2025, incluindo rodovias no Nordeste. Mas, para o CLP, sem reformas locais em burocracia e tributação, os efeitos serão limitados. “Pernambuco tem potencial turístico e agroindustrial, mas sem base sólida, o empreendedorismo vira roleta-russa”, alerta o relatório.
Rumos para o Futuro: Lições de Outros Estados
Enquanto Pernambuco patina, estados como Santa Catarina mostram o caminho. Com nota 0,449 no Índice Brasil de Inovação e Desenvolvimento (IBID) 2025 – quase o triplo da média nacional –, o sulista investiu em conectividade digital e hubs de inovação, atraindo 20% mais startups que em 2023. No Brasil, o PIB per capita de empreendedores em regiões com boa infraestrutura é 25% maior, segundo o IBGE.
Para virar o jogo, Pernambuco precisa priorizar: 1) Expansão de banda larga em áreas periféricas (atualmente, 18,7% da população usa banda larga fixa, abaixo da média); 2) Programas de qualificação para 30 mil profissionais em logística, inspirados na Paraíba; 3) Redução de burocracia na abertura de empresas, que leva 45 dias no estado contra 20 em São Paulo.
O alerta é claro: sem investimentos urgentes, Pernambuco arrisca perder não só empreendedores, mas o bonde do crescimento econômico. Como disse um empresário recifense anônimo: “Aqui, o sonho de empreender vira pesadelo nas primeiras chuvas.” Resta saber se os dados do IBGE serão o catalisador para mudança – ou apenas mais um capítulo de descaso regional.

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