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Paulo Câmara na Encruzilhada: Por Que o Ex-Governador Pode Deixar a Presidência do BNB?

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Por Lusmar Barros, Blog Folha do Araripe
1º de outubro de 2025
O Nordeste político vive um momento de turbulência com a notícia de que Paulo Câmara, ex-governador de Pernambuco e atual presidente do Banco do Nordeste do Brasil (BNB), pode deixar o cargo nos próximos dias. A informação, divulgada pela coluna Painel S.A. da Folha de S. Paulo e confirmada pelo secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, joga luz sobre um impasse jurídico e político que vem se arrastando desde o fim de seu mandato, em 31 de agosto de 2025. Mas por quê? Em uma análise especulativa, exploramos os bastidores dessa possível saída, entre decisões judiciais implacáveis, manobras palacianas e ambições regionais que podem redesenhar o tabuleiro de poder no governo Lula.
O Fantasma da Quarentena: A Decisão do STF como Gatilho Imediato
No cerne da questão está uma decisão recente do Supremo Tribunal Federal (STF) que reforça a rigidez da Lei das Estatais (13.303/2016), impondo uma quarentena de três anos para ex-políticos ocuparem cargos em empresas estatais. Câmara, que deixou a vice-presidência do PSB em janeiro de 2023, assumiu a presidência do BNB em março do mesmo ano graças a uma liminar concedida pelo então ministro Ricardo Lewandowski – que, ironicamente, viria a ser nomeado para o Ministério da Justiça no governo Lula. Essa medida provisória suspendeu temporariamente os efeitos da quarentena, permitindo que ele tomasse as rédeas do banco de desenvolvimento regional.
No entanto, o plenário do STF, em dezembro de 2023, modificou os termos da decisão, autorizando a conclusão do mandato em casos excepcionais, mas sem abrir brechas para reconduções automáticas. Com o fim do prazo em agosto, Câmara seguiu no posto de forma provisória, amparado pelo estatuto do BNB, que permite a continuidade até a posse de um novo presidente. A gota d’água veio com uma nova interpretação judicial, que, segundo fontes próximas ao Planalto, interpreta a quarentena de forma mais restritiva, forçando a saída iminente. “É uma questão técnica, mas com cheiro de política”, comenta um assessor do Ministério da Fazenda, sob anonimato. Essa pressão judicial não é isolada: o STF tem endurecido o controle sobre nomeações em estatais, visando coibir o que chama de “ocupação partidária” de cargos públicos.
Manobras no Planalto: Lula e o Xadrez do Nordeste
Se o STF é o vilão jurídico, o Palácio do Planalto surge como o arquiteto político dessa transição. Presidentes da República raramente deixam aliados sem paraquedas, e Lula, mestre em negociações regionais, parece já ter um plano B – ou até um A turbinado. Especula-se que Câmara seja realocado para o Ministério do Turismo, pasta que vive em ebulição desde a queda do deputado Celso Sabino (PTB-PA) em setembro, após denúncias de irregularidades. Interlocutores do presidente revelam que, inicialmente, o nome de Câmara era o favorito para a vaga, graças à sua experiência em gestão pública e ao peso político no Nordeste – região chave para o PT em 2026. No entanto, resistências internas no centrão e questionamentos sobre sua filiação partidária (ainda atrelada ao PSB) frearam a indicação.
“É uma troca estratégica: o BNB precisa de um nome técnico para acalmar o mercado, enquanto Câmara ganha fôlego para uma posição mais visível, como o Turismo, onde pode impulsionar projetos como o turismo sustentável no Sertão pernambucano”, especula um analista político de Recife. Outra hipótese em circulação nos corredores de Brasília é a de que Lula esteja poupando Câmara para uma candidatura ao Senado em 2026, usando o Ministério como trampolim. Afinal, com o Nordeste como fiel da balança eleitoral, o ex-governador – que administrou Pernambuco por oito anos com foco em infraestrutura e desenvolvimento social – é um ativo valioso para o governo.
Impactos Regionais: O Que a Saída Significa para o BNB e o Nordeste
Enquanto os holofotes se voltam para Brasília, o BNB – instituição que injetou bilhões em projetos de desenvolvimento no Nordeste nos últimos dois anos, com crescimento de 40% sob Câmara – enfrenta um vácuo de liderança que pode atrasar agendas cruciais, como a renegociação de dívidas rurais com descontos de até 95%. A nomeação de um interino, possivelmente a atual diretora de Administração e Finanças, seria uma solução paliativa, mas analistas alertam para o risco de paralisia em um momento em que o banco é peça-chave na agenda de redução de desigualdades regionais.
Para Pernambuco e o Araripe, a saída de Câmara é um misto de perda e oportunidade. Como ex-governador, ele foi pivotal na retomada de obras como a Transnordestina, e sua influência no BNB pavimentou financiamentos para agroindústria e energia renovável no interior. Especulando além: se o Turismo for o destino, poderíamos ver um boom em roteiros ecológicos e culturais no Sertão, com verbas federais fluindo para o estado. Mas, se a quarentena se estender, Câmara pode optar pelo setor privado, consultorias ou até uma guinada para a iniciativa privada em infraestrutura – áreas onde sua expertise é inegável.
Um Capítulo Aberto: Esperanças e Incertezas
A possível saída de Paulo Câmara do BNB não é apenas o fim de um ciclo, mas o prenúncio de novos começos no tabuleiro político nordestino. Motivada por um emaranhado de decisões judiciais e cálculos eleitorais, essa transição reflete os desafios de equilibrar lealdades partidárias com as demandas da governança moderna. Resta aguardar os próximos dias: o conselho do BNB deve convocar eleições em até 30 dias, e o Planalto, uma definição que pode reposicionar o ex-governador como peça central na reconstrução do Nordeste. Por enquanto, é especulação – mas no mundo da política, especulações viram realidade mais rápido que trens.
Por Lusmar Barros, para o Blog Folha do Araripe. Com base em reportagens da Folha de S. Paulo e fontes do governo federal.

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