O “tarifaço” de 50% imposto pelos Estados Unidos sobre as exportações brasileiras entrou em vigor nesta quarta-feira (06), gerando grande preocupação em diversos setores produtivos do Brasil.
As tarifas, anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos em 9 de julho, são as mais elevadas entre as impostas a países que exportam para o mercado norte-americano.
O tema foi o centro de um debate na Rádio Jornal, reunindo especialistas e líderes de associações para discutir os impactos e possíveis soluções contra a medida na economia brasileira.
Sandro Prado alertou ainda que diversos setores da economia brasileira estavam direcionando sua produção para exportação aos Estados Unidos.
Por isso, a mudança repentina nas regras pegou muitos de surpresa. “Esses setores foram pegos de calça curta”, resumiu.
Entendendo os impactos da tarifa no Brasil
O professor alertou para as dificuldades imediatas que empresários brasileiros enfrentarão com a sobretaxa imposta pelos Estados Unidos.
“Se eu sou de uma indústria manufatureira e vendo para uma empresa norte-americana, como é que, de uma hora para outra, vou vender minhas roupas, por exemplo, para outro lugar?”.
Embora setores específicos possam ter alternativas mais viáveis, como o redirecionamento para o mercado interno ou o uso de instrumentos como o preço mínimo, Prado frisou que o impacto é imediato.
“No curto prazo, esses produtos tendem a ter uma pequena queda de preço para o consumidor. Mas o que pode parecer interessante não é”, afirmou.
Segundo ele, essa mudança repentina desarticula setores produtivos inteiros.
Pequenas e médias empresas precisarão de ajuda do governo para sobreviver. “Vai precisar de subsídios, redução tributária, crédito financiado… nem todos vão conseguir manter os postos de trabalho”, alertou.
O economista Sandro Prado destacou o impacto macroeconômico: a perda do mercado americano pode gerar uma redução da produção nacional.
“Essa redução pode estar na casa dos 20 a 30 bilhões. Só em Pernambuco, como comentado, mais de 1 bilhão”, disse.
Com menos produção, haverá menos empregos e menos arrecadação de tributos.
O professor lembrou que o Brasil vinha em um ciclo de redução do desemprego, mas que essa situação pode inverter.
“É um retroceder”, afirmou. E concluiu: mais pessoas desempregadas significa maior pressão sobre programas sociais, como o Bolsa Família.
“Não é nada bom para o Brasil, para os empresários brasileiros e, obviamente, para os brasileiros como um todo, essa sobretaxa colocada pelo governo Trump”, finalizou.