Lar Economia Governo Lula articula empréstimo de R$ 20 bilhões para socorrer Correios em meio a prejuízos recordes

Governo Lula articula empréstimo de R$ 20 bilhões para socorrer Correios em meio a prejuízos recordes

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Brasília, 14 de outubro de 2025 – Em uma manobra para evitar o colapso financeiro da estatal, o governo federal de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) acelera negociações para conceder um empréstimo de R$ 20 bilhões aos Correios, envolvendo Banco do Brasil (BB), Caixa Econômica Federal e instituições privadas. A operação, que conta com garantia do Tesouro Nacional, surge como resposta urgente aos prejuízos crescentes da empresa, que acumularam R$ 4,37 bilhões no primeiro semestre deste ano – o triplo do rombo registrado em igual período de 2024.
Segundo fontes próximas às discussões, reveladas inicialmente pela Folha de S.Paulo, o socorro financeiro será dividido em duas parcelas: R$ 10 bilhões em 2025 e mais R$ 10 bilhões em 2026. Os recursos visam reforçar o capital de giro e financiar um ambicioso plano de reestruturação, incluindo programas de desligamento voluntário, ajustes em planos de saúde e renegociação de dívidas e passivos trabalhistas. “É um respiro necessário para que a empresa não pare de funcionar, mas atrelado a reformas que garantam sustentabilidade no longo prazo”, afirmou um interlocutor do Palácio do Planalto, sob condição de anonimato.
A crise nos Correios se agrava há meses. No segundo trimestre de 2025, a estatal reportou prejuízo de R$ 2,64 bilhões, impulsionado por queda de receitas – agravada pela concorrência de serviços digitais e entregas privadas – e aumento de despesas com pessoal, que subiram 9,3% no semestre, atingindo R$ 5,608 bilhões. O custo fixo anual da companhia varia entre R$ 20 bilhões e R$ 25 bilhões, tornando qualquer oscilação na receita um risco iminente de insolvência operacional.
Mudança no comando impulsiona negociações
As tratativas ganharam fôlego com a recente troca na presidência dos Correios. Emmanoel Schmidt Rondon, funcionário de carreira do Banco do Brasil e perfil técnico, assumiu o cargo no início do mês, substituindo Fabiano Silva de Moraes, criticado por falhas na gestão. Uma das primeiras ações de Rondon foi renegociar um empréstimo de R$ 1,8 bilhão contratado no primeiro semestre com um sindicato formado por BTG Pactual, Citibank e ABC Brasil – bancos que agora são cotados para participar da nova operação.
Reuniões recentes, na última quinta-feira (9), envolveram ministros chave: Fernando Haddad (Fazenda), Esther Dweck (Gestão e Inovação) e Frederico de Siqueira Filho (Comunicações), além de representantes do Tesouro, da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) e dos bancos estatais. O formato proposto prevê uma linha de crédito coletiva, com o Tesouro como fiador, para diluir riscos e evitar um aporte direto do governo – medida que seria absorvida pelo orçamento público já pressionado pela meta de superávit primário de 0,25% do PIB em 2025.
Instituições privadas como BTG Pactual e Citibank demonstram interesse, atraídas pela garantia soberana, mas o desenho final ainda está em debate. Um aporte complementar do Tesouro não está descartado, caso o espaço fiscal permita, conforme reportado pelo O Globo.
Críticas e perspectivas de recuperação
A notícia do empréstimo bilionário já desperta críticas na oposição e entre especialistas. “É mais um remendo em uma estatal inchada por privilégios. O governo prefere injetar dinheiro público em vez de privatizar ou enxugar a máquina”, disparou o deputado federal Marcel van Hattem (Novo-RS), em postagem nas redes sociais. Analistas, por outro lado, veem o plano como inevitável. “Os Correios faturaram R$ 18,9 bilhões em 2024, mas os custos fixos engolem tudo. Sem esse fôlego, o risco de paralisação é real”, avalia Daniel Pecanka de Andrade, especialista em finanças públicas.
O otimismo do governo reside na expectativa de que, após 2027, as medidas de ajuste gerem economias expressivas, reposicionando a estatal no mercado de logística. “Com governança fortalecida, os Correios podem voltar a ser rentáveis”, projeta uma fonte da equipe econômica. Enquanto isso, o Brasil acompanha de perto: uma falência operacional da empresa afetaria milhões de entregas diárias, de encomendas a benefícios sociais.
A estatal, que não se pronunciou oficialmente até o fechamento desta edição, enfrenta um dilema histórico: modernizar-se ou sucumbir à era digital. O empréstimo pode ser o divisor de águas – ou apenas mais um capítulo de endividamento crônico.

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