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Por Redação Folha do Araripe Araripina, PE – 16 de outubro de 2025
O Sertão do Araripe, há anos clamando por investimentos que aliviem o sofrimento diário de sua gente, finalmente vê um raio de esperança com a assinatura das ordens de serviço para duas obras emblemáticas: o Complexo de Polícia Científica – incluindo o Instituto de Medicina Legal (IML) – e a nova maternidade em Ouricuri. Realizada nesta terça-feira (14), a cerimônia uniu o prefeito Victor Coelho e a governadora Raquel Lyra em uma parceria que, se concretizada, pode transformar a região. No entanto, essa conquista chega após décadas de negligência, com demandas populares ignoradas e políticos se esquivando de responsabilidades, deixando famílias em luto à mercê de distâncias cruéis e burocracias intermináveis.
Uma Demanda Histórica Ignorada: O Clamor pelo IML no Araripe
A solicitação para instalação do IML no Sertão do Araripe não é uma novidade recente – é um grito ecoando há pelo menos uma década, com reivindicações que se arrastam por assembleias legislativas e gabinetes sem respostas concretas. Deputados como Socorro Pimentel (PSL) têm cobrado repetidamente o governo estadual pela unidade, destacando “inúmeros adiamentos e atrasos injustificados” na elaboração e execução do projeto. Desde 2018, discursos na Alepe (Assembleia Legislativa de Pernambuco) expõem a inércia: promessas vazias de instalação nos Sertões do Araripe, Central e Pajeú, enquanto famílias sofrem com a ausência de estrutura local.
Os políticos, muitas vezes, se eximem da respossabilidade, atribuindo atrasos a questões orçamentárias ou federais, mas a realidade é dura para quem perde um ente querido. Sem IML próximo, corpos são transportados para Petrolina – distante cerca de 210 km de Ouricuri –, gerando esperas que superam três dias entre ida, autópsia e volta. Essa jornada não é só logística: é uma tortura emocional. “É desumano. Famílias em luto ficam em desespero, aguardando em meio ao calor e à dor, enquanto o corpo viaja horas em veículos inadequados”, relata um morador de Ouricuri, ecoando queixas comuns na região. Acidentes na BR-316, por exemplo, frequentemente exigem essa peregrinação, prolongando o sofrimento e elevando custos para comunidades já vulneráveis.
A necessidade de um IML local transcende a conveniência: é uma questão de dignidade humana. Com o complexo orçado em R$ 4,7 milhões e localizado na Avenida Manoel Irineu de Araújo, especula-se uma redução drástica nos prazos de laudos periciais, agilizando investigações e sepultamentos. “Poderemos cortar pela metade o tempo de espera, humanizando o luto e fortalecendo a justiça no semiárido”, projeta um perito consultado pela Folha do Araripe.
A Maternidade: Berço de Vida para o Araripe
Paralelamente, a nova maternidade, com R$ 51,2 milhões em investimentos, surge como contraponto vital, prometendo desafogar o Hospital Regional do Araripe e minimizar riscos para gestantes. Especulações apontam para 50 leitos, UTI neonatal e tecnologias modernas, beneficiando 11 municípios e reduzindo deslocamentos perigosos.
Parceria que Floresce: Um Legado Contra a Negligência
A governadora Lyra e o prefeito Coelho celebram o momento como “juntos pela segurança e pela vida”, mas o contexto de anos de descaso torna essa vitória ainda mais simbólica. Com geração de empregos e atração de investimentos, Ouricuri pode se tornar polo regional, mas o sucesso dependerá de vigilância para evitar novos adiamentos.
A Folha do Araripe convida a população a fiscalizar essas obras, transformando anos de frustração em um futuro mais justo para o Sertão.
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