Por eleições a cada cinco anos, pelo fim da justiça eleitoral, por um país que não viva pelas urnas a cada dois anos…

Folha do Araripe

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Não há outro tema. Enquanto o Brasil viver em função de política, como se fosse ela a mais importante questão nacional, acima de tudo, não haverá outro assunto que mobilize o país a cada dois anos. Não há risco à verdadeira democracia; não há risco de ações em direção à ditadura; de quebradeira e empresas ou desemprego; não há inflação ou déficit público: nada disso supera os debates sobre disputas eleitorais, primeiro nas cidades, como ocorrerá em outubro; 24 meses depois, com as eleições gerais para a Presidência da República, para o Congresso Nacional, governos estaduais e Assembleias Legislativas. Uma está ligada diretamente à outra. Por isso é que, fecham-se as urnas de uma das disputas e no dia seguinte a outra já está na pauta. Prioridade total do país, ao ponto de se ter tribunais especiais e megaestruturas para preparar, organizar e fiscalizar eleições, com leis mudando cada vez que nos aproximamos da disputa da vez. Isso sem contar os bilhões de reais, vindos do nosso suor, cidadãos comuns, para sustentar toda essa maravilha em torno da qual todos somos obrigados a fazer girar as nossas vidas. Nessas eleições municipais, o fundo eleitoral será de quase cinco bilhões de reais. O dinheiro dos nossos impostos não vai para hospitais, para escolas, para rodovias, para pontes ou casas populares. Vai para os mesmos bolsos de sempre, para que nos mantenham sob o tacão do dinheiro e do poder que só eles, a classe que domina, que manda, que decide têm acesso.

Eleições de cinco em cinco anos para todos os cargos, de vereadores a Presidente da República; fim da Justiça Eleitoral, com todos os magistrados indo atender a Justiça comum, ou seja, a população comum e não aos interesses apenas de quem vivem da política; juízes e equipes eleitorais convocados apenas um ano antes, para preparar o pleito a seis meses depois, para julgar todas as pendências legais; mudança na Constituição para determinar que só se pode mudar a legislação eleitoral no quarto ano após a eleição anterior; nem um só centavo de dinheiro público para ser usado nas campanhas; fim dos partidos de aluguel; legislação duríssima contra políticos corruptos e proibição de quem tenha sido condenado por tais crimes, de participar de disputas eleitorais por pelo menos 20 anos. Tudo isso, é claro, faria parte do Brasil ideal, que jamais vamos conhecer. Porque a tendência é piorar, ou seja, tudo isso que vemos hoje no nosso país, se perpetuar. E tudo piorando, como está hoje, até que cada brasileiro que não vive da política tenha que viver grande parte da suas vidas para sustentar esse monstro que nos engole a cada eleição. Lembremos, pois, que daqui a dois anos tem eleição e que o Fundo Eleitoral pode ser superior a 10 bilhões. Adivinhem quem serão os otários que vão bancar tudo isso?

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