Núcleo duro do bolsonarismo silencia sobre prisão de Braga Netto, e políticos de oposição falam em ‘vingança’

Folha do Araripe

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Por Luísa Marzullo

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Levantamento do frito viu que 20 manifestações entre os 103 parlamentares do PL; até mesmo os filhos do ex-presidente ainda não se pronunciaram

  

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Horas após o general do Exército Walter Braga Netto ter sido preso em operação no Rio de Janeiro, o entorno do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), de quem foi candidato a vice nas eleições de 2022, permanece quase inteiramente em silêncio. Até mesmo seus filhos — o senador Flávio Bolsonaro, o deputado Eduardo Bolsonaro e o vereador Carlos Bolsonaro — ainda não deram posicionamentos formais.

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O único da família que chegou a tocar no assunto foi Eduardo, que compartilhou em seus stories um trecho da entrevista da deputada Bia Kicis (PL-DF) à CNN. No vídeo, Kicis disse que há um interesse em prender Bolsonaro. De forma tímida, Eduardo completou: “Falando para a mídia brasileira exatamente o que levamos para o mundo inteiro”, escreveu.

Levantamento do GLOBO feito a partir de publicações veiculadas no X e no Instagram publicadas até 18h deste sábado identificou que, entre os parlamentares que hoje integram a bancada do PL, apenas 21 saíram em defesa de Braga Netto: 19 deputados e dois senadores.

O presidente nacional do partido, Valdemar Costa Neto, esteve nesta manhã em São Luís, capital do Maranhão e deu coletiva de imprensa, onde não falou ou foi perguntado sobre o tema. A conduta adotada pelo dirigente e o núcleo duro do bolsonarismo diverge da eventual.

Em outras ocasiões, políticos ligados ao ex-presidente sempre se manifestaram, com unhas e dentes, para defender aliados. Hoje, nomes atuantes da bancada como Nikolas Ferreira (MG) e Júlia Zanatta (SC) não se posicionaram, ao menos até o fechamento desta reportagem. Muitas manifestações também foram mais singelas. O deputado e ex-secretário de Cultura, Mário Frias, limitou-se a dizer que a prisão seria “sem limites”.

Entre aqueles que se manifestaram, o discurso é de que a Polícia Federal estaria perseguindo os aliados de Bolsonaro. Walter Braga Netto foi preso após ter sido indiciado no inquérito que apura a tentativa de golpe de Estado que teria sido orquestrada no país após as eleições presidenciais de 2022.

No Senado, dois dos dez ocupantes vieram à público comentar: Jorge Seif (SC) e Marcos Rogério (RO). Seif afirmou que a operação teria o intuito de desviar o foco do estado de saúde do presidente Lula (PT), que passou por cirurgia no cérebro nesta semana. O rondoniense, por sua vez, defendeu que Braga Netto não oferecia risco às investigações e afirmou que não estava sendo feito justiça, “mas vingança”.

Na Câmara, nomes como a deputada federal Bia Kicis (DF) afirmam que o verdadeiro golpe ocorre com a população, que teria perdido a “liberdade de questionar o sistema”. De forma mais pessoal, seu colega de bancada, Bibo Nunes (RS), escreveu em suas redes sociais que conversou várias vezes com Braga Netto e que ele “jamais falou em golpe de Estado”.

Outros deputados como Gustavo Gayer (GO) investiram na tentativa de deslegitimar as acusações contra o general, que disse que a prisão teria sido motivada por “fofoca”.

— Eles estão prendendo um general de quatro estrelas, um cara honrado e honesto, por fofoca. Olha o nível que a gente chegou. Não sei porque tem tanta perseguição a supostos golpistas quando estamos vivendo um golpe. Prender um general de quatro estrelas deveria ocorrer apenas quando as provas são irrefutáveis, o que não aconteceu — disse Gayer.

O argumento foi o mesmo de Coronel Meira (PE): “Polícia Federal prendeu supostamente por uma tentativa de estado de golpe que nunca ocorreu”, escreveu. Na mesma toada, Delegado Caveira (PA) afirmou que a direita vem sendo caçada no país.

Fonte: O Globo

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