Foto: Reuters
Os países da União Europeia (UE) estão preocupados com a posição do Brasil em relação à Guerra da Ucrânia e a falta de cumprimento de obrigações ambientais — uma das bandeiras levantadas durante a campanha de Lula à Presidência.
A informação consta em um documento confidencial que aborda as relações entre o bloco europeu e países emergentes como Brasil, Chile, Nigéria e Cazaquistão.
Apesar de não conter informações reveladoras, as análises feitas pela UE destacam de maneira negativa o trabalho atual da diplomacia brasileira e a postura do país quanto a questões delicadas no cenário internacional.
Preparado por um grupo de diplomatas do bloco, o “Plano de Ação da UE sobre as Consequências Geopolíticas da Invasão Russa da Ucrânia em Países Terceiros” detalha estratégias para reaproximar ou manter a proximidade dos quatro países.
O arquivo analisa detalhadamente a ação de cada país. No início do texto, há um breve resumo da situação do Brasil.
“O atual governo mostra sinais de disposição para intensificar a cooperação. Uma estrutura para fortalecer o engajamento já existe, uma vez que a UE já tem uma parceria estratégica que pode ser reativada. O avanço do acordo UE-Mercosul será de fundamental importância. Mas a UE também precisará aumentar os investimentos em energia e nas áreas digital e de sustentabilidade”.
Em outro trecho, os diplomatas europeus citam ainda um “ambiente geopolítico competitivo” em que há “não apenas uma batalha de narrativas, mas também uma batalha de ofertas” como justificativa para a renovação de estratégias nas parcerias internacionais.
Interesses da União Europeia
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Relançar a parceria estratégica com o Brasil
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Concluir o acordo de Associação UE-Mercosul
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Obter maior apoio político do Brasil na ONU, globalmente e regionalmente
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Acesso ao mercado e aumento de oportunidades no Brasil para negócios e investimentos da UE
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Obter o reconhecimento brasileiro para as garantias de segurança alimentar da UE
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Impulsionar a cooperação em transformações verdes e digitais, ação climática e ambiental
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Garantir matérias-primas essenciais para o Acordo Verde da UE
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Abordar a atuação da China na adesão do Brasil ao Acordo de Compras Governamentais da Organização Mundial do Comércio
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Fortalecer a cooperação em defesa e segurança
Interesses do Brasil
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Ser reconhecido e tratado como um ator global (inclusive em relação à reforma da ONU)
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Concluir o Acordo de Associação UE-Mercosul (ao mesmo tempo em que enfatiza a necessidade de resolver desequilíbrios nas relações UE-Mercosul)
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Atrair mais comércio, investimento e tecnologia da UE e aproveitar as oportunidades em clima, energia e mineração
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Melhorar o acesso ao mercado da UE para produtos agrícolas
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Diversificação do fornecimento de fertilizantes (dependência excessiva da Rússia e de Belarus)
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Agregar valor à matéria-prima exportada
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Apoio ao desenvolvimento de instituições democráticas, direitos indígenas e meios de subsistência, redução da pobreza, desenvolvimento sustentável e políticas sociais, educação
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Fortalecer a cooperação em defesa, segurança e espaço
Desafios
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O Brasil vê as propostas legislativas autônomas da UE (legislação do Acordo Verde) como medidas unilaterais protecionistas, em especial a legislação sobre desmatamento
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UE preocupada que o foco de Lula na reindustrialização possa se tornar protecionista
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UE preocupada com a possibilidade de o Brasil querer reabrir o Acordo do Mercosul
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UE preocupada com a posição do Brasil sobre a Guerra da Rússia contra a Ucrânia e com a falta de cumprimento de obrigações em relação a clima, ambiente e aprovação sanitária dos produtos da UE
Oportunidades
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A política externa está de volta ao topo da agenda do Brasil, com o presidente Lula ansioso para obter êxitos (o Acordo de Associação UE-Mercosul poderia ser um deles)
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Forte alinhamento de políticas com o governo Lula, por exemplo, nas transições verde e digital, direitos humanos, direitos indígenas, combate ao garimpo ilegal de ouro, defesa e segurança
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Possível avanço no combate ao desmatamento e biodiversidade se a UE conseguir apoiar o Brasil na criação de empregos e na adaptação às novas regulamentações da UE
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Alavancar o papel do Brasil como um ator construtivo na região, inclusive na Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos
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Ajudar no processo de adesão do Brasil à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico e à presidência do G20 (2024)
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